INTERDISCIPLINARIDADE
*Mauro Ferreira de Souza é Bacharel em Filosofia e
Teologia (Universidade Mackenzie), Direito (UNIB), Especialista em Filosofia
Contemporânea e Historia pela (Universidade Metodista) e Mestre em Ciências da
Religião pela (Universidade Mackenzie). Doutorando em Filosofia. Professor de
Filosofia, Filosofia do Direito, Teologia e História das Religiões.
INTERDISCIPLINARIDADE
A
proposição do Prof. Paganella é muito apropriada para compreensão entre
Complexidade e Interdisciplinaridade. Tal como exposto pressupõe uma educação
abrangente, tornando-a mais compreensiva nos diversos campos de graduações
considerando a complexidade da sociedade.
Isso
se torna importante pelo aspecto da pós-modernidade, ou seja, a época atual, é
caracterizada pelo cruzamento de culturas diversas, pois é um reflexo da
cultura contemporânea que enfatiza o intercruzamento cultural.
A
interdisciplinaridade é todo um sistema que tem dentro dele diferentes tipos de
conhecimentos, seja cientifico, social, religioso, filosófico, etc. Isso leva a
entender que a sociedade é um complexo sistema interdisciplinar que tem sua
cultura própria. Por outro lado, a interdisciplinaridade leva em conta as
opiniões do grupo (professores e alunos) envolvido no exercício, uma vez que
deste debate podem emergir os desafios e questões próprios da prática
interdisciplinar.
Para
Juares da Silva Thiesen, a interdisciplinaridade é definida como “um movimento
articulador no processo ensino-aprendizagem”. Dentro deste processo há uma
complexidade necessária para uma conexão das temáticas:
“Complexidade-interdisciplinaridade”.
Edgard Morin, trabalha esta temática talvez
com mais propriedade. Segundo Edgar Morin, o pensamento complexo é necessário à
interdisciplinaridade. Daí discorre sobre
Complexidade e Interdisciplinaridade e diz que é possível concluir que a
escola, como lugar de aprendizagem, pesquisa e produção do conhecimento, para
estar inserida e atuante em um mundo tecnológico, conectado e farto de
informações disponibilizadas por meios não formais de disseminação de
informação, precisa urgentemente repensar a maneira cartesiana de propagação do ensino, baseado em certezas
e fragmentação de disciplinas ministradas de forma estanque, para migrar para a
construção de um conhecimento interelacionado, no qual estejam em unidas as
mais diversas áreas do saber. As
instuições de ensino, devem abandonar a idéia de incompreensão, de áreas de
conhecimento que não ser relacionam umas com as outras, que competem entre si em
importância e relevo. Por outro lado para Morin, o principal desafio da
interdisciplinaridade é “Reconectar” os saberes que foram divididos em
especialidades.
Para
Morin[1]:
Quando
um pesquisador se lança na compreensão de determinado fenômeno, à semelhança de
todos os seres humano sem qualquer situação, se envolve com todas as facetas que
compõem sua condição humana: biológica, psíquica, social, afetiva e racional,
nisso comportando sabedoria e loucura ,o prosaico e o poético, firmando o que
Morin denomina de homo complexus. Foi a partir, inicialmente, de curiosidade
científica, e depois de contaminação, que nos aproximamos do paradigma da
complexidade.
Vale aqui a conceituação postulada
pelo MEC de que a interdisciplinaridade
não tem a pretensão de criar novas disciplinas ou saberes, mas de utilizar os
conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema ou compreender um
determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. Diz o texto
categoricamente:
“A interdisciplinaridade tem uma
função instrumental. Trata-se de recorrer a um saber diretamente útil e
utilizável para resolver às questões e aos problemas sociais contemporâneos
(Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino Médio. Brasília: MEC, 2002, p.
34)”.
Como
elemento viabilizador de conexões de saberes, é também elemento fomentador de
inovação constante na docência. Nesta perspectiva, Thieses[2]
desenvolve a ideia de que a interdisplinaridade conecta o docente como o
discente a necessidade da diversidade de saberes que se conectam. Diz mais:
“Ainda é incipiente, no contexto
educacional, o desenvolvimento de experiências verdadeiramente
interdisciplinares, embora haja um esforço institucional nessa direção. Não é
difícil identificar as razões dessas limitações; basta que verifiquemos o
modelo disciplinar e desconectado de formação presente nas universidades,
lembrar da forma fragmentária como estão estruturados os currículos escolares,
a lógica funcional e racionalista que o poder público e a iniciativa privada
utilizam para organizar seus quadros de pessoal técnico e docente, a
resistência dos educadores quando questionados sobre os limites, a importância
e a relevância de sua disciplina e, finalmente, as exigências de alguns setores
da sociedade que insistem num saber cada vez mais utilitário.”
O
autor revela a necessidade urgente do docente entender que não basta mais ser
detentor de um conhecimento profundo de sua área de conhecimento para atender
as atuais necessidades do processo de ensino. A Sociedade de hoje não é mais
forjada na técnica apenas e tão somente industrial. Há no processo educativo
dos dias atuais um procedimento globalizado dos saberes fundamentado no
estímulo a colaboração e propagação de ideias, é crítico e essencial que o
educador, consciente de seu papel, compreenda que, “um entendimento mais
profundo de sua área de formação não é suficiente para dar conta de todo o
processo de ensino. Ele precisa apropriar-se também das múltiplas relações
conceituais que sua área de formação estabelece com as outras ciências. O
conhecimento não deixará de ter seu caráter de especialidade, sobretudo quando
profundo, sistemático, analítico, meticulosamente reconstruído; todavia, ao
educador caberá o papel de reconstruí-lo dialeticamente na relação com seus
alunos por meio de métodos e processos verdadeiramente produtivos.[3]”
Por
fim, partindo da provocação feita por Morin, sinaliza-se que a complexidade e interdisciplinaridade
conectadas e relacionadas proporciona e exige uma prática comprometida com o
outro, com o mundo, com nós mesmos, que se constitui em saberes renovados, e
que implicam questões éticas, necessárias agora e para o futuro.
[1] Para uma pesquisa mais
aprofundada do assunto, ver: Morin E. Meus demônios. São Paulo: Bertrand Brasil,
2000. Morin E. Introdução ao pensamento
complexo. Porto Alegre: Sulina; 2006. Morin E. O método 4: as ideias. Porto
Alegre: Sulina; 1998. Morin E, Le Moigne
J. A inteligência da complexidade. São Paulo: Peirópolis; 2000. Morin E. Os sete saberes necessários à
educação do futuro. São Paulo: Cortez; 2000. Morin E. Ciência com consciência.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2005. Morin E. O método 6: ética. Porto Alegre:
Sulina, 2005. Morin E. O Método 5: a humanidade da humanidade. Porto Alegre:
Sulina; 2002. ALMEIDA JLV. Interdisciplinaridade: uma abordagem histórica com
ênfase no ensino. Notandum Libro 2009;13:87-94
[2] Para uma pesquisa mais abrangente,
ver: Thiesen, Juares da Silva, “A interdisciplinaridade como um movimento
articulador no processo ensino-aprendizagem Rev. Bras. Educ. vol.13 no.39 Rio
de Janeiro (Sept./Dec. 2008-
ttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782008000300010)
[3]Ver o trabalho do prof. Dr.
Marcos Lorieri em: Complexidade, Interdisciplinaridade, T Transdisciplinaridade
e Formação de Professores.
Prof. Dr. Marcos Antônio Lorieri PPGE da Uninove –
São Paulo. Notandum 23 mai-ago 2010 CEMOrOC-Feusp / IJI-Universidade do Porto.