CIRCULO FILOSÓFICO

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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

INTERDISCIPLINARIDADE

                                  INTERDISCIPLINARIDADE

*Mauro Ferreira de Souza é Bacharel em Filosofia e Teologia (Universidade Mackenzie), Direito (UNIB), Especialista em Filosofia Contemporânea e Historia pela (Universidade Metodista) e Mestre em Ciências da Religião pela (Universidade Mackenzie). Doutorando em Filosofia. Professor de Filosofia, Filosofia do Direito, Teologia e História das Religiões.

INTERDISCIPLINARIDADE

A proposição do Prof. Paganella é muito apropriada para compreensão entre Complexidade e Interdisciplinaridade. Tal como exposto pressupõe uma educação abrangente, tornando-a mais compreensiva nos diversos campos de graduações considerando a complexidade da sociedade.
Isso se torna importante pelo aspecto da pós-modernidade, ou seja, a época atual, é caracterizada pelo cruzamento de culturas diversas, pois é um reflexo da cultura contemporânea que enfatiza o intercruzamento cultural.
A interdisciplinaridade é todo um sistema que tem dentro dele diferentes tipos de conhecimentos, seja cientifico, social, religioso, filosófico, etc. Isso leva a entender que a sociedade é um complexo sistema interdisciplinar que tem sua cultura própria. Por outro lado, a interdisciplinaridade leva em conta as opiniões do grupo (professores e alunos) envolvido no exercício, uma vez que deste debate podem emergir os desafios e questões próprios da prática interdisciplinar.
Para Juares da Silva Thiesen, a interdisciplinaridade é definida como “um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem”. Dentro deste processo há uma complexidade necessária para uma conexão das temáticas: “Complexidade-interdisciplinaridade”.
 Edgard Morin, trabalha esta temática talvez com mais propriedade. Segundo Edgar Morin, o pensamento complexo é necessário à interdisciplinaridade. Daí discorre  sobre Complexidade e Interdisciplinaridade e diz que é possível concluir que a escola, como lugar de aprendizagem, pesquisa e produção do conhecimento, para estar inserida e atuante em um mundo tecnológico, conectado e farto de informações disponibilizadas por meios não formais de disseminação de informação, precisa urgentemente repensar a maneira cartesiana  de propagação do ensino, baseado em certezas e fragmentação de disciplinas ministradas de forma estanque, para migrar para a construção de um conhecimento interelacionado, no qual estejam em unidas as mais diversas áreas do saber.  As instuições de ensino, devem abandonar a idéia de incompreensão, de áreas de conhecimento que não ser relacionam umas com as outras, que competem entre si em importância e relevo. Por outro lado para Morin, o principal desafio da interdisciplinaridade é “Reconectar” os saberes que foram divididos em especialidades.
Para Morin[1]:
Quando um pesquisador se lança na compreensão de determinado fenômeno, à semelhança de todos os seres humano sem qualquer situação, se envolve com todas as facetas que compõem sua condição humana: biológica, psíquica, social, afetiva e racional, nisso comportando sabedoria e loucura ,o prosaico e o poético, firmando o que Morin denomina de homo complexus. Foi a partir, inicialmente, de curiosidade científica, e depois de contaminação, que nos aproximamos do paradigma da complexidade.
            Vale aqui a conceituação postulada pelo MEC de que a  interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar novas disciplinas ou saberes, mas de utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. Diz o texto categoricamente:
“A interdisciplinaridade tem uma função instrumental. Trata-se de recorrer a um saber diretamente útil e utilizável para resolver às questões e aos problemas sociais contemporâneos (Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino Médio. Brasília: MEC, 2002, p. 34)”.
            Como elemento viabilizador de conexões de saberes, é também elemento fomentador de inovação constante na docência. Nesta perspectiva, Thieses[2] desenvolve a ideia de que a interdisplinaridade conecta o docente como o discente a necessidade da diversidade de saberes que se conectam. Diz mais:
“Ainda é incipiente, no contexto educacional, o desenvolvimento de experiências verdadeiramente interdisciplinares, embora haja um esforço institucional nessa direção. Não é difícil identificar as razões dessas limitações; basta que verifiquemos o modelo disciplinar e desconectado de formação presente nas universidades, lembrar da forma fragmentária como estão estruturados os currículos escolares, a lógica funcional e racionalista que o poder público e a iniciativa privada utilizam para organizar seus quadros de pessoal técnico e docente, a resistência dos educadores quando questionados sobre os limites, a importância e a relevância de sua disciplina e, finalmente, as exigências de alguns setores da sociedade que insistem num saber cada vez mais utilitário.”
O autor revela a necessidade urgente do docente entender que não basta mais ser detentor de um conhecimento profundo de sua área de conhecimento para atender as atuais necessidades do processo de ensino. A Sociedade de hoje não é mais forjada na técnica apenas e tão somente industrial. Há no processo educativo dos dias atuais um procedimento globalizado dos saberes fundamentado no estímulo a colaboração e propagação de ideias, é crítico e essencial que o educador, consciente de seu papel, compreenda que, “um entendimento mais profundo de sua área de formação não é suficiente para dar conta de todo o processo de ensino. Ele precisa apropriar-se também das múltiplas relações conceituais que sua área de formação estabelece com as outras ciências. O conhecimento não deixará de ter seu caráter de especialidade, sobretudo quando profundo, sistemático, analítico, meticulosamente reconstruído; todavia, ao educador caberá o papel de reconstruí-lo dialeticamente na relação com seus alunos por meio de métodos e processos verdadeiramente produtivos.[3]

Por fim, partindo da provocação feita por Morin, sinaliza-se  que a complexidade e interdisciplinaridade conectadas e relacionadas proporciona e exige uma prática comprometida com o outro, com o mundo, com nós mesmos, que se constitui em saberes renovados, e que implicam questões éticas, necessárias agora e para o futuro.


[1] Para uma pesquisa mais aprofundada do assunto, ver: Morin E. Meus demônios. São Paulo: Bertrand Brasil, 2000.  Morin E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina; 2006. Morin E. O método 4: as ideias. Porto Alegre: Sulina; 1998.  Morin E, Le Moigne J. A inteligência da complexidade. São Paulo: Peirópolis; 2000.  Morin E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; 2000. Morin E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2005.  Morin E. O método 6: ética. Porto Alegre: Sulina, 2005. Morin E. O Método 5: a humanidade da humanidade. Porto Alegre: Sulina; 2002. ALMEIDA JLV. Interdisciplinaridade: uma abordagem histórica com ênfase no ensino. Notandum Libro 2009;13:87-94
[2] Para uma pesquisa mais abrangente, ver: Thiesen, Juares da Silva, “A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem Rev. Bras. Educ. vol.13 no.39 Rio de Janeiro (Sept./Dec. 2008- ttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782008000300010)
[3]Ver o trabalho do prof. Dr. Marcos Lorieri em: Complexidade, Interdisciplinaridade, T Transdisciplinaridade e Formação de Professores.
Prof. Dr. Marcos Antônio Lorieri PPGE da Uninove – São Paulo. Notandum 23 mai-ago 2010 CEMOrOC-Feusp / IJI-Universidade do Porto.

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