CIRCULO FILOSÓFICO

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quarta-feira, 18 de maio de 2016

O CAPITALISMO COMO UM RIZOMA INEVITAVEL




CAPITULO I
POR QUE UM RIZOMA




O tema desta obra partiu de uma leitura recente de um autor conhecido nas ciências sociais, Peter Pelbert, especialmente no seu livro: “Vida Capital: Ensaios Sobre Biopolitica[1].

No seu capitulo em que se tratou sobre o capitalismo rizomático, uma expressão da área da medicina, Pelbert depara com uma analise sobre as faces e fases do capitalismo e de como ele foi modelando historicamente no mundo.


Pelbert aponta que com o movimento de 68, movimento este que formulou críticas ao capitalismo, certamente originário da Escola de Frankfurt, forjou-se assim um novo espírito do capitalismo com ingredientes vindos do caldo de contestação ideológica, política e filosófica. Desta maneira o capitalismo adaptou-se ou acomodou-se em múltiplas formas, mas continuou com o seu substrato pleno. O autor vai chamar essa nova forma de capitalismo de rizomático. Para Pelbert o capitalismo resulta de interações dialéticas[2]. Por outro lado, mesmo que tenha que atingir objetivamente um grau de política econômica, exerce sua forma singular de influência em tudo e todos.
Anos antes de Pelbert ter esta perspectiva Adorno e Horckheimier[3] fizeram uma crítica ao capitalismo denotando sua voracidade  “indústria cultural”[4].
O autor inicia este capítulo com a seguinte declaração:

O mundo conexionista é inteiramente rizomático, não finalista, não identitário, favorece os hibridismos, a migração,  as múltiplas interfaces, metamorfoses etc. Claro que o objetivo final do capitalismo permanece o mesmo, visa o lucro, mas o modo pelo qual ele agora tende a realizá-lo, [...] é prioritariamente através da rede. (PELBERT: 2011, p.97).

O capitalismo tratou de mudar sua estratégia de ação nas estruturas sociais sem violência e sem terrorismo aparente, por ter uma forma de ação em múltiplas faces e redes. É o conhecido “capitalismo em rede” defendido nesta obra pelo autor. Assim segundo o autor, o capitalismo tornou-se rizomático[5].
Depois dos movimentos revolucionários de 68 e 70, o capitalismo teve que se adaptar numa espécie de capitalismo conexionista.
No curso da história da globalização do capitalismo, muito do que se encontra pelo caminho se altera, tensiona, modifica, anula, mutila, recria ou transfigura.

Foi a pista que o próprio Marx deu ao refletir sobre a historicidade do capitalismo.

A burguesia não pode existir sem revolucionar continuamente os instrumentos de produção e, por conseguinte, as relações de produção, portanto todo o conjunto das relações sociais...o contínuo revolucionar da produção, o abalo constante de todas as condições sociais, a incerteza e a agitação eternas distinguem a época burguesa de todas as precedentes. Todas as relações fixas e cristalizadas, com seu séquito de crenças e opiniões tornadas veneráveis pelo tempo, são dissolvidas, e as novas envelhecem antes mesmo de se consolidarem. Tudo o que é sólido e estável se volatiliza, tudo o que é sagrado é profanado, e os homens são finalmente obrigados a encarar com sobriedade e sem ilusões sua posição na vida, suas relações recíprocas. A necessidade de mercados cada vez mais extensos para seus produtos impele a burguesia para todo o globo terrestre. Ela deve estabelecer-se em toda parte, instalar-se em toda parte, criar vínculos em toda parte. Através da exploração do mercado mundial, a burguesia deu um caráter cosmopolita à produção e ao consumo de todos os países. Para grande pesar dos reacionários, retirou de baixo dos pés da indústria o terreno nacional. As antigas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a ser destruídas a cada dia. São suplantadas por novas indústrias, cuja introdução se torna uma questão de vida ou morte para todas as nações civilizadas; indústrias que não mais empregam matérias-primas locais, mas matérias-primas provenientes das mais remotas regiões, e cujos produtos são consumidos não somente no próprio país, mas em todas as partes do mundo. Em lugar das velhas necessidades, satisfeitas pela produção nacional, surgem necessidades novas, que para serem satisfeitas exigem os produtos das terras e dos climas mais distantes. Em lugar da antiga auto-suficiência e do antigo isolamento local e nacional, desenvolve-se em todas as direções um intercâmbio universal, uma universal interdependência das nações. E isso tanto na produção material quanto na intelectual. Os produtos intelectuais de cada nação tornam-se patrimônio comum A unilaterialidade e a estreiteza nacionais tornam-se cada vez mais impossíveis, e das numerosas literatura nacional e local formam-se uma literatura mundial (Marx e Engels, 1985).

O capitalismo é um processo civilizatório que invade o mundo. Ele envolve o “intercâmbio universal” e cria as bases de “um novo mundo”, influenciando, destruindo ou recriando outras
formas sociais de trabalho e vida, outras formas culturais e civilizatórias. Ou seja, o mundo foi forjado por questões econômicas.
CAPITULO II
ENTENDENDO O CAPITALISMO A PARTIR DA HISTÓRIA


2.1 O Antagonismo do Capitalismo

         Talvez este subtema parece estranho ao se tratar do título do livro. Entretanto ao discorrer sobre a historicidade do capitalismo, recorro imediatamente a Karl Marx, ainda que em um texto de sua juventude: “Crítica à filosofia do Direito de Hegel”.

O idealismo hegeliano para ele era um sonho utópico. Este sonho alemão não corresponde à realidade, pois a sociedade burguesa e o proletariado são definidos por interesses particulares, ou seja, não está havendo a emancipação humana. Por outro lado, segundo ele, era necessário que os interesses das classes deveriam ser verdadeiramente os interesses gerais da sociedade, e para isso não bastava a energia e a consciência revolucionarias. Nesta perspectiva afirmava:
Na Alemanha, todas as classes carecem da lógica, do rigor, da coragem e da intransigência que delas fariam o representante negativo da sociedade. Mais: falta ainda em todos os estamentos a grandeza de alma que, por um momento apenas, os identificaria com a alma popular, a generalidade que instiga a força material ao poder político, a audácia revolucionária que arremessa ao adversário a frase provocadora: Nada sou e serei tudo. [...] Mesmo o sentimento de si moral da classe média alemã só tem como base a consciência de ser o representante da mediocridade mesquinha e limitada de todas as outras classes. [...] Por esta razão, os príncipes encontram-se em conflito com o monarca, a burocracia com a nobreza, a burguesia com todos eles, enquanto o proletariado já está principiando a luta com a burguesia. A classe média dificilmente ousa conceber a idéia da emancipação do próprio ponto de vista antes do desenvolvimento das condições sociais, e o progresso da teoria política mostra que esse ponto de vista já é antiquado ou, pelo menos, problemático. (MARX: 2005, pp.154,155).

            Uma característica é a de que a ideologia política alemã no substrato do direito não promoveu a emancipação do homem e sim a alienação concernente ao capital. Neste contexto, afirmava que tanto a burguesia como o proletariado necessitava de uma emancipação calcada na restauração e reconciliação do próprio homem. Deste pressuposto, Marx usa as noções de alienação proposta pelo próprio Hegel no sentido que o homem está alienado de si mesmo, da natureza e da história, e que o idealismo alemão não promoveu a libertação.  Para Marx, tanto as estruturas sócias naquele momento na Alemanha, como a própria organização do Estado e do direito, estavam diretamente ligadas ao funcionamento do capitalismo e, por conseguinte a idéia de revolução deveria implicar em mudanças radicais, que romperiam com todos os instrumentos de dominação da burguesia.
Para Marx, é que o Estado alemão era a  representação burguesa do capital  e que as suas fanfarronadas se limitam a refletir a pobreza lastimosa da realidade alemã. O Estado Alemão do período era o remanescente não só do despotismo como também do feudalismo, onde a servidão e a exploração pelo trabalho proletário ainda predomina. O direito que predominava era a lei do mais forte, em tese os burgueses. Para ele, (2005, p. 148), “o atual regime alemão é um anacronismo, uma flagrante contradição de axiomas universalmente aceitos, [...] supõe apenas que acredita em si e pede a todo mundo para compartilhar a sua ilusão”. Neste trecho, Marx está criticando o idealismo alemão que é, por conseguinte como uma análise crítica do Estado moderno e da realidade a ele associada. Diz Marx, (2005, p. 151):

Só na Alemanha poderia produzir a filosofia especulativa do direito – este pensamento extravagante e abstrato acerca do Estado moderno, cuja realidade permanece no além [...] o representante alemão do Estado moderno, pelo contrario, que não toma em conta o homem real, só foi possível porque e na medida em que o e Estado moderno não atribui importância ao homem real ou unicamente satisfaz o homem total de maneira ilusória.

Por outro lado, segundo Marx, o direito alemão naquele momento justificava os costumes ara manutenção de privilégios e exploração da burguesia para com o proletariado. Isso ele vai chamar de “conservadorismo alemão”. Nesta perspectiva crítica a crítica de Marx é a de que o direito alemão acomodava-se à classe dominante que necessitava se garantir em seu poder, e, por conseguinte a manutenção dos privilégios burgueses. Para ele, aquele estado de coisas nada mais é do que a reprodução do feudalismo em outra face. O direito alemão ajuda a manter esta situação. Vai mais alem, ao afirmar que na é somente o direito, mas a crença e os valores refletem os interesses da burguesia alemã. O Estado com seu aparelho jurídico e policial sustentavam a propriedade privada, os lucros da classe dominante, e assim a maioria dos proletários aceitavam como natural e legítimo.
No seu texto publicado “Gazeta Renana 298/1842” (p.257), afirmava:
Mas nós homens pouco práticos, em defesa da massa pobre, política e socialmente desafortunada, recorremos ao que os sábios e eruditos servidores da chamada histórica tem encontrado como a verdadeira pedra filosofal, que transforma toda impura pretensão em puro ouro do direito. Nós reivindicamos à pobreza o direito consuetudinário, e não apenas o direito consuetudinário local, mas um direito consuetudinário que em todos os países é o direito consuetudinário da pobreza, só pode ser desta massa ínfima, despossuída e primordial.

A crítica de Marx, é que o Estado alemão num contexto histórico era a  representação burguesa alemã e que as suas fanfarronadas se limitam a refletir a pobreza lastimosa da realidade alemã. O Estado Alemão do período era o remanescente não só do despotismo como também do feudalismo, onde a servidão e a exploração pelo trabalho proletário ainda predomina. O direito que predominava era a lei do mais forte, em tese os burgueses. Para ele, (2005, p. 148), “o atual regime alemão é um anacronismo, uma flagrante contradição de axiomas universalmente aceitos, [...] supõe apenas que acredita em si e pede a todo mundo para compartilhar a sua ilusão”. Neste trecho, Marx está criticando o idealismo alemão que é, por conseguinte como uma análise crítica do Estado moderno e da realidade a ele associada. Diz Marx, (2005, p. 151):

Só na Alemanha poderia produzir a filosofia especulativa do direito – este pensamento extravagante e abstrato acerca do Estado moderno, cuja realidade permanece no além [...] o representante alemão do Estado moderno, pelo contrario, que não toma em conta o homem real, só foi possível porque e na medida em que o e Estado moderno não atribui importância ao homem real ou unicamente satisfaz o homem total de maneira ilusória.

Nesta perspectiva, entendia que as leis deveriam ser transformadas e para isso deveria propagar uma revolução por meio da indignação e a denúncia. Ademais, seu texto mais enfático à crítica a filosofia do direito de Hegel e dos hegelianos, tanto quanto à filosofia da história em conexão com a ideologia alemã, encontra-se no seu outro texto, “Ideologia Alemã”, quando afirmava:
Os ideólogos da escola jovem  hegeliana são os maiores conservadores. Os mais jovens encontraram uma expressão exata fraseologia para qualificar a sua atividade quando afirmam lutar unicamente contra uma fraseologia; esquecem-se porém de que apenas lhe opõem uma outra fraseologia e de que não é lutando contra a fraseologia de um mundo, que se luta com o mundo que realmente existe. Os únicos resultados que se conseguiram com esta crítica filosófica foram alguns esclarecimentos quanto à história religiosa - e mesmo isto de um ponto de vista muito limitado - do cristianismo; todas as suas outras afirmações constituem novas formas de ornamentar a sua pretensão de terem realizado descobertas de importância histórica quando, de fato, não foram mais do que esclarecimentos insignificantes. (MARX: PDF, p.3).

O idealismo hegeliano para ele era um sonho utópico. Este sonho alemão não corresponde à realidade, pois a sociedade burguesa e o proletariado são definidos por interesses particulares, ou seja, não está havendo a emancipação humana. Por outro lado, segundo ele, era necessário que os interesses das classes deveriam ser verdadeiramente os interesses gerais da sociedade, e para isso não bastava a energia e a consciência revolucionarias. Nesta perspectiva afirmava:
Na Alemanha, todas as classes carecem da lógica, do rigor, da coragem e da intransigência que delas fariam o representante negativo da sociedade. Mais: falta ainda em todos os estamentos a grandeza de alma que, por um momento apenas, os identificaria com a alma popular, a generalidade que instiga a força material ao poder político, a audácia revolucionária que arremessa ao adversário a frase provocadora: Nada sou e serei tudo. [...] Mesmo o sentimento de si moral da classe média alemã só tem como base a consciência de ser o representante da mediocridade mesquinha e limitada de todas as outras classes. [...] Por esta razão, os príncipes encontram-se em conflito com o monarca, a burocracia com a nobreza, a burguesia com todos eles, enquanto o proletariado já está principiando a luta com a burguesia. A classe média dificilmente ousa conceber a idéia da emancipação do próprio ponto de vista antes do desenvolvimento das condições sociais, e o progresso da teoria política mostra que esse ponto de vista já é antiquado ou, pelo menos, problemático. (MARX: 2005, pp.154,155).

A ideologia política alemã no substrato do direito não promoveu a emancipação do homem e sim a alienação. Neste contexto, afirmava que tanto a burguesia como o proletariado necessitava de uma emancipação calcada na restauração e reconciliação do próprio homem. Deste pressuposto, Marx usa as noções de alienação proposta pelo próprio Hegel no sentido que o homem está alienado de si mesmo, da natureza e da história, e que o idealismo alemão não promoveu a libertação.  Para Marx, tanto as estruturas sócias naquele momento na Alemanha, como a própria organização do Estado e do direito, estavam diretamente ligadas ao funcionamento do capitalismo e, por conseguinte a idéia de revolução deveria implicar em mudanças radicais, que romperiam com todos os instrumentos de dominação da burguesia.


2.2 Críticas de Marx e Engels ao Capitalismo no Manifesto

O Manifesto Comunista, feito por Karl Marx  e Frederich Engels, foi publicado pela primeira vez em 1848, com uma linguagem de fácil entendimento e uma estrutura simples (introdução breve, seguida de três capítulos e uma conclusão curta), nele continham as principais idéias do comunismo. Foi escrito a partir de uma reunião entre comunistas de diversas nações, e publicado em diversas línguas.
A Liga dos Comunistas encomendou a Marx e a Engels a elaboração de um texto que tornasse claros os objetivos dela e sua maneira de ver o mundo. E isto foi feito pelos dois jovens, um de 30 e o outro de 28 anos. Portanto, o Manifesto Comunista é um conjunto afirmativo de idéias, de "verdades" em que os revolucionários da época acreditavam, por conterem, segundo eles, elementos científicos – um tanto economicistas – para a compreensão das transformações sociais. Nesse sentido, o Manifesto é mais um monumento do que um documento... Pétreo, determinante, forte: letras, palavras, e frases que queriam Ter o poder de uma arma para mudar o mundo, colocando no lugar "da velha sociedade burguesa uma associação na qual o livre desenvolvimento de cada membro é a condição para o desenvolvimento de todos."
Escrito por Karl Marx e Friedrich Engels em dezembro de 1847 - janeiro de 1848. Publicado pela primeira. vez em Londres em fevereiro de 1848. Publicado de acordo com o texto da edição soviética em espanhol de 1951, traduzida da edição alemã de 1848. Confrontado com a edição inglesa de 1888, editada por Friedrich Engels.
O Manifesto parte de uma análise histórica, distinguindo as várias formas de opressão social durante os séculos e situa a burguesia moderna como nova classe opressora.
Neste ensaio sobre o “Manifesto Comunista” vou ater apenas as duas partes. A primeira e a segunda, as quais considero fundamentais para entendê-lo no todo.
O “Manifesto”, no geral, não deixa, porém, de citar seu grande papel revolucionário, tendo feito a crítica ao  da monarquia, da burguesia exploradora alemã na época e a religião que valorizando a liberdade da economia extremamente competitiva, o açambarcamento, e um aspecto monetário frio em detrimento das relações pessoais e sociais, assim tratando o operário como uma simples peça de trabalho. Este aspecto juntamente com os recursos de aceleração de produção (tecnologia e divisão do trabalho) destrói todo atrativo para o trabalhador, deixando-o completamente desmotivado e contribuindo para a sua miserabilidade e coisificação. Além disso, analisa o desenvolvimento de novas necessidades tecnológicas na indústria e de novas necessidades de consumo impostas ao mercado consumidor. 
O Manifesto foi propagado em meio a uma época onde o capitalismo e a burguesia tinham a prevalência do poder, e a desigualdade social entre os burgueses e o proletariado era grande e evidente. (…), pois os que no regime burguês trabalham não lucram e os que lucram não trabalham. Este trecho presente no segundo capítulo do manifesto demonstra de forma bem clara esse diferença da época entre o trabalhador, e o chefe. Diferença esta que está no centro no alvo comunista para ser combatida.
O Manifesto, para o professor Ruy Fausto[1], independentemente do gênero a que pertence, corresponde bem nitidamente a um período de transição de que faz parte igualmente, entre outros textos, a Ideologia Alemã. As obras desse período caracterizam-se por certos traços peculiares que as distinguem, por um lado, do momento dos Manuscritos de 1844 s, por outro, das obras de maturidade, sobretudo O Capital e os Grundisse. No momento dos Manuscritos de 44, Marx escreve como filósofo (mesmo se filósofo não-filósofo à maneira de Feuerbach - o texto é feuerbachiano mas como um componente hegeliano); na época de transição que consideramos, o discurso de Marx se pretende, pelo contrário, claramente antifilosófíco; e na época da maturidade poder-se-ia falar em "supressão" em sentido hegeliano, supressão-conservação da filosofia. Ainda segundo Fausto, o Manifesto, como em maior ou menor medida Marx em geral — traz a novidade de fazer da autodeterminação do proletariado o motor da transformação revolucionária, e fazer da revolução um processo cujo sujeito é a maioria: "Todos os movimentos precedentes foram movimentos de minorias ou no interesse de minorias. O movimento proletário é o movimento autônomo (selbständige) da imensa maioria no interesse da imensa maioria"
O Manifesto foi escrito em nome da Liga dos Comunistas, organização de artesãos alemães que sucede à Liga dos Justos cuja direção se trasladara de Paris a Londres. Publicado em Londres, em alemão, algumas semanas antes da eclosão da Revolução de 48 na França, ele pretende exprimir as posições "dos comunistas". Em termos organizatórios, se o Manifesto afirma que "os comunistas não constituem (sind) nenhum partido particular diante dos outros partidos operários (Arbeiterparteien)". Do ponto de vista tático, o Manifesto tem a particularidade de propor para a Alemanha uma luta "junto com a burguesia" - ainda que com a ressalva: "sempre que ela se conduzir como revolucionária" — luta cujos adversários são "a monarquia absoluta, a propriedade fundiária feudal e a pequena burguesia mais privilegiada e exploradora.

A primeira parte do Manifesto que alguns a chamam de capitulo, acena-se para a dialética marxiana ou marxista segundo Lukács[2] entre “Burgueses e Proletários”.  Aborda em geral a relação entre a burguesia e o proletariado numa tensão constante mas conformista. Num primeiro momento, mostra a luta de classes na historia da humanidade diferentemente de Hegel. Mostra a evolução dessas duas classes sociais até a época de publicação da obra (apesar de que muitos conceitos apresentados, ainda são válidos para a atualidade). Sobre a burguesia, explica inicialmente no que seus atos afetam (ou afetaram) o mundo, o que seus ideais capitalistas provocam.
Quando na primeira parte o Manifesto fala do Estado. Desfere assim uma crítica ao Estado, diz que: "O poder de Estado moderno não é mais do que um comitê, que administra os negócios comuns do conjunto da classe burguesa". "Os trabalhadores não têm pátria".
Concernente a historia, o Manifesto também desfere sua crítica: a história não é só luta, ela é também inércia. A história até hoje é também história das "estruturas", em relação às quais os indivíduos não são "agentes-sujeitos", mas suportes. A tensão entre "sujeitos" e suportes, dupla função das individualidades, é um dos achados dialéticos de Marx, reduzido ao imperialismo das práticas ou ao imperialismo das estruturas, ambos no registro do entendimento.


Vejam o texto:

A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e companheiro, numa
palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta. Nas primeiras épocas históricas, verificamos, quase por toda parte, uma completa divisão da sociedade. [...] Vemos, pois, que a própria burguesia moderna é o produto de um longo processo de desenvolvimento, de uma série de revoluções no modo de produção e de troca. Cada etapa da evolução percorrida, pela burguesia era acompanhada de um progresso político correspondente. Classe oprimida pelo despotismo feudal, associação armada administrando-se a si própria na comuna ; aqui, república urbana independente, ali, terceiro estado, tributário da monarquia; depois, durante o período manufatureiro, contrapeso da nobreza na monarquia feudal ou absoluta, pedra angular das grandes monarquias, a burguesia, desde o estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial, conquistou, finalmente, a soberania política exclusiva no Estado representativo moderno. O governo moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa. (MARX & ENGELS: 1848, pp.1,2, em pdf, consultado em 08 de março de 2012).

            Esta primeira parte do Manifesto destaca especificamente a historicidade do capital forjado na luta de classes. Nesta perspectiva o capitalismo ao mesmo tempo que é e foi um processo civilizatório, foi um procedimento de exploração. Os mais abastados, isto é, a burguesia se viu em contradição a si mesma ou aprorpria-se do capital e nele depositar sua confiança.

O período burguês da história está chamado a assentar as bases materiais de um novo mundo; a desenvolver, de um lado, intercâmbio universal, baseado na dependência mútua do gênero humano, e os meios para realizar esse intercâmbio; e, de outro, desenvolver as forças produtivas do homem e transformar a produção material num domínio científico sobre as forças da natureza. A indústria e o comércio burgueses vão criando essas condições de um novo mundo do mesmo modo que as revoluções geológicas criavam a superfície da Terra (Marx, 1981).

Sem dúvida que o Capital passou necessariamente por uma evolução histórica. Prossegue o Manifesto:

 [...] A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades até então reputadas veneráveis e encaradas com piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio fez seus servidores assalariados. A burguesia rasgou o véu de sentimentalismo que envolvia as relações de família e reduziu-as a simples relações monetárias. A burguesia revelou como a brutal manifestação de força na Idade Média, tão admirada pela reação, encontra seu complemento natural na ociosidade mais completa. Foi a primeira a provar o que pode realizar a atividade humana: criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, os aquedutos romanos, as catedrais góticas; conduziu expedições que empanaram mesmo as antigas invasões e as Cruzadas. A burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, como isso, todas as relações sociais. A conservação inalterada do antigo modo de produção constituía, pelo contrário, a primeira condição de existência de todas as classes industriais anteriores. Essa revolução contínua da produção, esse abalo constante de todo o sistema social, essa agitação permanente e essa falta de segurança distinguem a época burguesa de todas as precedentes. Dissolvem-se todas as relações sociais antigas e cristalizadas, com seu cortejo de concepções e de idéias secularmente veneradas; as relações que as substituem tornam-se antiquadas antes de se ossificar. Tudo que era sólido e estável se esfuma, tudo o que era sagrado é profanado, e os homens são obrigados finalmente a encarar com serenidade suas condições de existência e suas relações recíprocas. Impelida pela necessidade de mercados sempre novos, a burguesia invade todo o globo. Necessita estabelecer-se em toda parte, explorar em toda parte, criar vínculos em toda, parte. Pela exploração do mercado mundial a burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países. Para desespero dos reacionários, ela retirou à indústria sua base nacional. As velhas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a sê-lo diariamente. São suplantadas por novas indústrias, cuja introdução se torna uma questão vital para todas as nações civilizadas, indústrias que não empregam mais matérias-primas autóctones, mas sim matérias-primas vindas das regiões mais distantes, e cujos produtos se consomem não somente no próprio país mas em todas as partes do globo. Em lugar das antigas necessidades, satisfeitas pelos produtos nacionais, nascem novas necessidades, que reclamam para sua satisfação os produtos das regiões mais longínquas e dos climas mais diversos. Em lugar do antigo isolamento de regiões e nações que se bastavam a si próprias, desenvolvem-se um intercâmbio universal, uma universal interdependência das nações em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais. (MARX & ENGELS: 1848, pp.1,2,3, em pdf, consultado em 08 de março de 2012).
O texto critica a historia da produção capitalista e as conseqüências de organização social que esse tipo de produção causou. Apesar dos contras, o capitalismo é ressaltado como um pensamento revolucionário, pois acabou com a prevalência do poder monárquico, e do poder religioso. A camada da população composta por desempregados, mendigos, bandidos, é claramente menosprezada, e que a “revolução” é apenas aos trabalhadores.
Sobre o comunismo, logo de início (ainda na introdução) já o compara a um fantasma. Esta comparação é feita, pois este seria uma “assombração” para os burgueses e poderosos da época.
A parte I faz um resumo da história da humanidade até os dias de então, quando duas classes sociais antagônicas (as que titulam o capítulo) dominam o cenário. A grande contribuição deste capítulo talvez seja a descrição das enormes transformações que a burguesia industrial provocava no mundo, representando "na história um papel essencialmente revolucionário".Com a argúcia de quem manejava com destreza instrumentos de análise socioeconômica muito originais na época, Marx e Engels relatam (com sincera admiração !) o fenômeno da globalização que a burguesia implementava, mundializando o comércio, a navegação, os meios de comunicação.

2.3 Proletários e comunistas
A relação relativa do papel dos comunistas junto ao proletariado é o aspecto mais interessante da parte II, intitulada Proletários e Comunistas. Depois de quase um século de dogmatismos, partidos únicos e de vanguarda, portadores de verdade inteira, é saudável ler que os comunistas não formam um partido à parte, oposto a outros partidos operários, e não têm interesses que os separem do proletariado em geral. Embora, sem qualquer humildade, o Manifesto atribua aos comunistas mais decisão, avanço, lucidez e liderança do que às outras frações que buscam representar o proletariado, seus objetivos são tidos como comuns: a organização dos proletários para a conquista do poder político e a destruição da supremacia burguesa. 
Os comunistas só se distinguem dos outros partidos operários em dois pontos: 1) Nas diversas lutas nacionais dos proletários, destacam e fazem prevalecer os interesses comuns do proletariado, independentemente da nacionalidade; 2) Nas diferentes fases por que passa a luta entre proletários e burgueses, representam, sempre e em toda parte, os interesses do movimento em seu conjunto. Praticamente, os comunistas constituem, pois, a fração mais resoluta dos partidos operários de cada país, a fração que impulsiona as demais; teoricamente têm sobre o resto do proletariado a vantagem de uma compreensão nítida das condições, da marcha e dos fins gerais do movimento proletário. O objetivo imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos os demais partidos proletários: constituição dos proletários em classe, derrubada da supremacia burguesa, conquista do poder político pelo proletariado. (MARX & ENGELS: 1848, pp.8,9, em pdf, consultado em 08 de março de 2012).


               O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de sua parte dos produtos sociais, tira apenas o poder de escravizar o trabalho de outrem por meio dessa apropriação.

 [...] O que caracteriza o comunismo não é a abolição da propriedade em geral, mas a abolição da propriedade burguesa. Ora, a propriedade privada atual, a propriedade burguesa, é a última e mais perfeita expressão do modo de produção e de apropriação baseado nos antagonismos de classe, na exploração de uns pelos outros. Nesse sentido, os comunistas podem resumir sua teoria nesta fórmula única: abolição da propriedade privada. Censuram-nos, a nós comunistas, o querer abolir a propriedade pessoalmente adquirida, fruto do trabalho do indivíduo, propriedade que se declara ser a base de toda liberdade, de toda independência individual. A propriedade pessoal, fruto do trabalho e do mérito! Pretende-se falar da propriedade do pequeno burguês, do pequeno camponês, forma de propriedade anterior à propriedade burguesa? Não precisamos aboli-la, porque o progresso da indústria já a aboliu e continua a aboli-la diariamente. Ou por ventura pretende-se falar da propriedade privada atual, da propriedade burguesa? Mas, o trabalho do proletário, o trabalho assalariado cria propriedade para o proletário? De nenhum modo. Cria o capital, isto é, a propriedade que explora o trabalho assalariado e que só pode aumentar sob a condição de produzir novo trabalho assalariado, a fim de explorá-lo novamente. Em sua forma atual a propriedade se move entre os dois termos antagônicos: capital e trabalho. Ser capitalista significa ocupar não somente uma posição pessoal, mas também uma posição social na produção. O capital é um produto coletivo: só pode ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos membros da sociedade, e mesmo, em última instância, pelos esforços combinados de todos os membros da sociedade. O capital não é, pois, uma força pessoal; é uma força social. Assim, quando o capital é transformado em propriedade comum, pertencente a todos os membros da sociedade, não é uma propriedade pessoal que se transforma em propriedade social. O que se transformou foi apenas o caráter social da propriedade. Esta perde seu caráter de classe. [...]O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de sua parte dos produtos sociais, apenas suprime o poder de escravizar o trabalho de outrem por meio dessa apropriação. (MARX & ENGELS: 1848, pp.9,10,11, em pdf, consultado em 08 de março de 2012).


 [...] Todavia, nos países mais adiantados, as seguintes medidas poderão geralmente ser postas em prática: 1. Expropriação da propriedade latifundiária e emprego da renda da terra em proveito do Estado. 2. Imposto fortemente progressivo. 3. Abolição do direito de herança 4. Confiscação da propriedade de todos os emigrados e sediciosos. 5. Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio. 6. Centralização, nas mãos do Estado, de todos os meios de transporte. 7. Multiplicação das fábricas e dos instrumentos de produção pertencentes ao Estado, arroteamento das terras incultas e melhoramento das terras cultivadas, segundo um plano geral. 8. Trabalho obrigatório para todos, organização de exércitos industriais, particularmente para a agricultura. 9. Combinação do trabalho agrícola e industrial, medidas tendentes a fazer desaparecer gradualmente a distinção entre a cidade e o campo 10. Educação pública e gratuita de todas as crianças, abolição do trabalho das crianças nas fábricas, tal como é praticado hoje. Combinação da educação com a produção material, etc. Uma vez desaparecidos os antagonismos de classe no curso do desenvolvimento e sendo concentrada toda a produção propriamente dita nas mãos dos indivíduos associados, o poder público perderá seu caráter político. O poder político é o poder organizado de uma classe para a opressão de outra. Se o proletariado, em sua luta contra a burguesia, se constitui forçosamente em classe, se se converte por uma revolução em classe dominante e, como classe dominante, destrói violentamente as antigas relações de produção, destrói, justamente com essas relações de produção, as condições dos antagonismos entre as classes, destroem as classes em geral e, com isso, sua própria dominação como classe. Em lugar da antiga sociedade burguesa, com suas classes e antagonismos de classe, surge uma associação onde o livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre desenvolvimento de todos. (MARX & ENGELS: 1848, em pdf, consultado em 08 de março de 2012, pp. 9-14).
Este conteúdo do segundo capítulo, de nome “Proletário e Comunista”, onde são abordadas as relações entre o partido e os proletários. O partido é relacionado no texto à outros partidos e movimentos, mostrando alguns objetivos comuns a eles, como o desejo pela queda da superioridade do poder da burguesia, e conseqüentemente a passagem do poder político ao proletariado. Sobre as propriedades, ressaltasse que o comunismo não é contra a propriedade geral, mas sim da propriedade burguesa (ou seja, a abolição da propriedade privada). O capital e o trabalho assalariado também são abordados, e nessa parte fica claro que os comunistas sofriam com a oposição que não aceitava seus ideais. É ainda nesse capítulo onde são listadas medidas para a aplicação do comunismo na sociedade. Tal lista é como se fosse um algoritmo2 para tornar a sociedade segundo os moldes comunistas.

2.4 Literatura socialista e comunista
A terceira parte, “Literatura Socialista e Comunista”, critica três tipos de socialismo:
Socialismo reacionário:
- Socialismo feudal
- Socialismo pequeno-burguês
- Socialismo alemão
Possuía um ponto de vista burguês, e procurava continuar com os métodos de produção e troca. Socialismo conservador ou burguês Socialismo e comunismo crítico-utópico possuía um caráter de reforma, não de revolução.
O período burguês da história está chamado a assentar as bases materiais de um novo mundo; a desenvolver, de um lado, intercâmbio universal, baseado na dependência mútua do gênero humano, e os meios para realizar esse intercâmbio; e, de outro, desenvolver as forças produtivas do homem e transformar a produção material num domínio científico sobre as forças da natureza. A indústria e o comércio burgueses vão criando essas condições de um novo mundo do mesmo modo que as revoluções geológicas criavam a superfície da Terra (Marx, 1981).

Procuravam modificar a sociedade através da boa vontade e dos exemplos burgueses, sem luta política. Já o socialismo passado por Marx e Engels é conhecido como Socialismo Científico (o oposto de utópico).
Para Marx, as   condições políticas que a burguesia deve criar, uma vez obtido o poder, são consideradas como um progresso, mas enquanto elas representarão armas nas mãos da revolução.
O  Manifesto na sua parte final classificada como quarto capítulo faz um apanhado geral das principais idéias do manifesto, motivando e dando um grande destaque ao apelo pela união do proletariado pela causa.
O Manifesto é um documento histórico, testemunho da rebeldia do seres humanos. Seu texto, racional, aqui e ali bombástico e, em diversas passagens irônico, mal esconde essa origem comum com homens e mulheres de outros tempos: o fogo que acendeu a paixão da Liga dos Comunistas, reunida em Londres no ano de 1847, não foi diferente do que incendiou corações e mentes na luta contra a escravidão clássica, contra a servidão medieval, contra o obscurantismo religioso e contra todas as formas de opressão. Diz o Manifesto:
Os comunistas não se rebaixam a dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à idéia de uma revolução comunista! Os proletários nada têm a perder nela a não serem suas cadeias. Têm um mundo a ganhar.  “Proletários de todos os países, uni-vos!”. (p. 21).

Por outro lado, “O Manifesto” apresenta-se não somente como uma proposta política, mas também como uma crítica  geral da filosofia e uma teoria sobre o discurso filosófico, que são aliás, em parte, autocríticas. Crítica que também tem implicações políticas e históricas. Críticas estas que ultrapassam o universo de Marx e retroage a Hegel e  possivelmente a Kant com sua ética.  Daí então poderá considerar o Manifesto como uma crítica sempre atual de todo sistema já que filosofia é crítica presente em toda parte, e, “O Manifesto” alvo de análise.

CAPITULO III
O CAPITAL E A GLOBALIZAÇÃO


3.1 Entendendo o termo

Neste terceiro capítulo procurei buscar como suporte técnico o professor Octavio Ianni, o qual tem muitos artigos nesta perspectiva.

..... [...]

3.2 Seria uma globalização alienante?

Octávio Ianni observa que, paralelamente à emergência de formas de sociabilidades inovadoras, liberadoras ou mesmo deslumbrantes, desenvolvem-se também as que limitam, inibem ou propriamente alienam. Elas podem ser totalmente novas, ou acrescentam-se às preexistentes, podendo recriá-las ou agravá-las. Nestes casos, intensificam as limitações ou mesmo as mutilações que atingem indivíduos e coletividades, ou mesmo nações e nacionalidades. Sob vários aspectos, como observa Ianni, é possível dizer que o capitalismo desacorrentou Prometeu do castigo que lhe havia imposto Zeus, por ensinar aos homens o segredo do fogo, para que pudessem emancipar-se das forças da natureza. Mas também é possível dizer que Prometeu escapou da tutela de Zeus e foi colocado sob a tutela do Capital. O mistério da metáfora não foi desfeito, desenvolveu-se, foi refeito (Ianni, 1995).

..... [....]

BIBLIOGRAFIA


FAUSTO, Rui. Acertos e dificuldades do Manifesto Comunista. In:  Revista de Estudos Avançados, nº 12 (34), 1998, da FFLCH-USP- Universidade de São Paulo.

____________. Dialética marxista, dialética hegeliana: a produção capitalista como circulação simples. São Paulo, Paz e Terra/Brasiliense, 1997.


MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. O Manifesto Comunista. In: PDF, 1848, consultado em 08 de março de 2012.

_________________________________. Manifesto Comunista. Publicado pelo Instituto Jose Luis e Rosa Sundermann. Comentário de Leon Trotsky em 30 de outubro de 1937, à primeira edição do clássico de Marx e Engels publicada para o português de acordo com Marxists Internet Archive e Desafio: Revista Teórica e Política, n.1, junho/92.

NETTO, Jose Paulo. Elementos para uma Leitura Crítica do Manifesto Comunista. São Paulo: Ática, 1981.

_______________________. Crise do socialismo e ofensiva neoliberal. São Paulo: Cortez, 1993.

PELBERT, Peter.  Vida Capital: Ensaios Sobre Biopolitica. São Paulo: Iluminuras, 2011.



 *Mauro Ferreira  de Souza é Bacharel em  Filosofia e Teologia (Universidade Mackenzie), Direito (UNIB), Especialista em Filosofia Contemporânea e Historia pela (Universidade Metodista) e Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Mackenzie São Paulo. Doutorando em Filosofia


[1] Ruy Fausto é professor-emérito da FFLCH-USP e ensina na Universidade de Paris. Estudo retirado do trabalho em pdf em: Revista de Estudos Avançados da USP nº 12, p.4, 1998.
[2] Para uma compreensão melhor, ver:  LUKÁCS, G. Historia e Consciencia de Classe: Estudos Sobre a Dialetica Marxista. São Paulo: Martins Fontes, 2003. ___________. L’estraniazione", in: Per una ontologia dell’essere sociale, vol. II’’, cap. IV, Roma: Riuniti, 1981. LUKÁCS, Georg. As Bases Ontológicas do Pensamento e da Atividade do Homem. Temas de Ciências Humanas n. 4. Tr. C.N. Coutinho, São Paulo: Livraria Editora Ciências Humanas, 1978. KONDER, Leandro. A Questão da Ideologia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. VAISMAN, Ester. A ideologia e sua determinação ontológica.  Ensaio n.17/18. São Paulo: Editora Ensaio, 1989. Lukács exerceu sua primeira e profunda influência sobre a jovem inteligência como expressão teórica das transformações histórico-mundiais dos anos 20. Lukács deparava messiânica e efusivamente a dialética marxista: "Não é o predomínio de motivos econômicos na explicação da história que distingue de maneira determinante o marxismo da ciência burguesa, mas o ponto de vista da totalidade." Conferir à totalidade uma posição central em contraste com a prioridade do econômico correspondia à crítica radical de esquerda às posições da socialdemocracia. Seus próprios pontos de partida para uma leitura crítica da história e para uma discussão com o alcance das teses teóricas e políticas apresentadas neste volume foram formulados pelo próprio Lukács num posfácio de 1967, que se tornou parte das novas edições e de todas as traduções.


[1] Ver: Pelbert, Peter.  Vida Capital: Ensaios Sobre Biopolitica. São Paulo: Iluminuras, 2011
[2] Ver: NETTO, Jose Paulo Crise do socialismo e ofensiva neoliberal. São Paulo: Cortez, 1993.
[3] Para Horkheimer, o trabalho do especialista, dentro dos moldes da teoria tradicional, realiza-se desvinculado dos demais, permanecendo alheio à conexão global dos setores da produção. Nasce assim a aparência ideológica de uma autonomia dos processos de trabalho, cuja direção deve ser deduzida da natureza interna de seu objeto.
[4] Para uma pesquisa neste sentido ver: KONDER, Leandro. A Questão da Ideologia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. VAISMAN, Ester. A ideologia e sua determinação ontológica.  Ensaio n.17/18. São Paulo: Editora Ensaio, 1989.
[5] Rizoma: sig. Algo que se apresente como redes, com múltiplas faces, multiplicidade, uma rede com variadas conexões.

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