CIRCULO FILOSÓFICO

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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A INDUSTRIA CULTURAL: ADORNO E HORKHEIMER

INTRODUÇÃO A Escola de Frankfurt tem papel preponderante acerca da crítica da formação do sujeito e da sociedade e, por conseguinte da situação do homem como sujeito autônomo. Adorno e Horkheimer com substratos do idealismo alemão resquícios dessa Escola idealista, tenta desconstruir o sujeito produto do iluminismo e do neopositivismo desenvolvendo assim o auto contraditório. Foi tal perspectiva destes dois filósofos que surgiu no final da década de 40 a obra chamada “Dialética do Esclarecimento” aonde em um de seus capítulos dedicam a crítica à denominada por eles de “Indústria Cultural”, a qual segundo eles mais anula o sujeito, transformando em objeto do que afirma. Essa crítica torna-se mais atual à medida que o tempo passa e as mídias se transformam cada vez mais em instrumentos de manipulação da opinião pública desconstruindo o sujeito e transformando-o em objeto-produto. Tal indústria da cultura segundo estes autores é cúmplice do sistema de produção capitalista, a qual não se importa com a formação do sujeito autônomo e sim os lucros. ANÁLISE DO TEXTO: A obra: “Dialética do Esclarecimento”, escrita em conjunto por Adorno e Horkheimer, é colocado o problema de como o homem foi colocado pelo iluminismo e pelo positivismo no mais alto grau de esclarecimento, mas que não se emancipa. Em outras palavras, por que não ocorreu no projeto iluminista da razão a emancipação do indivíduo como sujeito autônomo? Aliás, o cenário pós – guerra forneceu uma imagem bem catastrófica da humanidade. Alem de não ocorrer a emancipação racional propugnada pelo iluminismo e pelo positivismo, se constatou o retorno a um estado de total barbárie. Para Adorno e Horkheimer, vivemos a era da imagem. Em certas circunstâncias, ela compete com o próprio original que lhe deu origem, em função das possibilidades de ampliação, de alteração, de multiplicação e das mídias utilizadas em sua veiculação. Tudo isso, causa de uma indústria cultural que não somente fez da arte a anulação do sujeito mas que coloca um valor dela no mercado com sua reprodutividade técnica. O Cinema, o Radio e a TV, não somente transformou-se em cultura de massa, mas instrumentos para vendas de produtos e serviços. Na “Dialética de Esclarecimento”, deve-se ater um pouco a cultura e a arte exposta no capítulo sobre “A Indústria Cultural”, elas são como diz Adorno, “faces da razão” que pode dar uma dimensão emancipadora e reflexiva e pode conduzir o homem à sua autonomia, mas que não está sendo assim. O mundo inteiro é forçado a passar pelo filtro da indústria cultural. [...] Inevitavelmente, cada manifestação da indústria cultural reproduz as pessoas tais como as modelou a indústria em seu todo. [...] Quem resiste só pode sobreviver integrando-se. Uma vez registrado em sua diferença pela indústria cultural, ele passa a pertencer a ela assim como o participante da reforma agrária ao capitalismo. (ADORNO: 1985, pp. 119, 119, 123). Não se pode perder de vista o próprio espírito da filosofia e da historia e sua conexão com a cultura e a arte para formação do sujeito . A postura crítica de Adorno e Horckheimer, parte de pressupostos do instituto multidisciplinar de pesquisas e análises que tinha nomes como Bejamim, Marcuse e Fromm. A postura critica adorniana é a de que a razão iluminista se voltou mais ao seu lado instrumental, preocupada com a técnica e seus meios, deixando de lado a esfera finalista e reflexiva do esclarecimento. O que o esclarecimento e a civilização impõem às pessoas é oferecer-lhes algo e ao mesmo tempo privá-los. Para Adorno, a civilização ou o “Esclarecimento” falhou na tentativa de libertar o homem. Talvez o tenha libertado dos medos, das superstições e dos mitos, mas o tornou escravo da dominação técnica, a mesma utilizada pela industria cultural, na época constituída basicamente pelo rádio, pela imprensa e pelo cinema, para impedir, segundo o próprio Adorno, “a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente”. Adorno faz com este trabalho uma crítica da impossibilidade da cultura e da arte na estrutura industrial e capitalista da contemporaneidade ser instrumentos transformadores para formação do sujeito autônomo. Critica também o empírico como ser arte, e assim, propõe que a cultura e a arte sejam a própria expressão do sujeito com suas emoções, não se sucumbindo à ideologia histórica que quer ocultar as contradições existentes na sociedade. Para Adorno, a arte e a cultura devem ser aspectos da subjetividade e da formação integral do sujeito. Portanto rompe com o conceito iluminista de arte e a própria concepção de sujeito iluminista e neopositivista. Tal temática para ele é de extrema importância mas que tem sido de certa maneira secundarizado em relação as questões da cultura pela industria cultural. Nesta perspectiva, segundo Adorno, houve uma fusão da cultura com entretenimento, daí a fuga do sujeito do cotidiano. Para ele isso é uma depravação da cultura promovida pela indústria cultural, pois o indivíduo é forçado a se isolar do processo social em seu todo, ele se diverte e ai não tem como pensar, esquece o sofrimento até mesmo onde ele é mostrado. Na construção da subjetividade, a arte tem papel preponderante, pois nela o sujeito expressa sua subjetividade e a sua relação com o mundo a despeito da estética positivista e iluministas dos séculos passados. Porem, segundo Adorno, a industria cultural embebecida do capitalismo com seus interesses escusos, transformou o homem no sujeito que não pode ser o que se pretendia. Diz ele: A indústria cultural realizou maldosamente o homem como ser genérico. Cada um é tão somente aquilo mediante o que pode substituir todos os outros: ele é fungível, um mero exemplar. Ele próprio, enquanto indivíduo é o absolutamente substituível, o puro nada, e é isso mesmo que ele vem a perceber quando perde com o tempo a semelhança. (ADORNO: 1985, p.136). A indústria cultural anulou o sujeito, pois ele tornou-se objeto. Ademais, segundo Adorno, essa indústria se interessa pelo indivíduo enquanto cliente, empregado ou consumidor daí continuarão serem objetos. Por outro lado, a perspectiva de Adorno é a de que as obras de arte devem representar reflexão subjetiva sobre como pensamos e agimos e como o fazemos, construindo um sujeito autônomo. A sua preocupação com o presente é crítica. Pois segundo Adorno: A indústria cultural tem a tendência de se transformar num conjunto de proposições protocolares e, por isso mesmo, no profeta irrefutável da ordem existente. Ela se esgueira com maestria entre os escolhos da informação ostensivamente falsa e da verdade manifesta, reproduzindo com fidelidade o fenômeno cuja opacidade bloqueia o discernimento e erige em ideal de uma vida estupidamente monótona e a mentira nua e crua sobre o seu sentido, que não chega a ser proferida, mas apenas sugerida e inculcada nas pessoas. (ADORNO: 1985, p. 138). A indústria cultural partido desta interpretação de Adorno cria um sujeito-objeto dependente que vive de ilusão e o pior vive uma ilusão falsa. Como ele mesmo diz, “a mentira não se recua diante do trágico”. Esta mesmo indústria cultural ou a cultura industrializada exercita o indivíduo no preenchimento da condição sob a qual ele está autorizado a levar essa vida inexorável, insensível, ou seja, um indivíduo conformista, diminuído a despeito da cultura de massa que roubou sua subjetividade. A indústria cultural confirmou a eliminação do individuo, pois ela lhes tirou a liberdade e o transformou em produto de sua aparelhagem econômica e social, aliás, como Adorno constata (p.145), “a sociedade burguesa também desenvolveu, em seu processo, o indivíduo”. Assim, tanto Adorno, Hockeimer e Foucault querem promover algo para o qual não se podem dar prescrições. Acultura deve deixar de ser uma mercadoria paradoxal. Ela não pode ser submetida ao consumismo e a publicidade apenas no sentido de orientar o comprador ou o consumidor de mercado. Assim, não pode ser uma mercadoria que logo se descarta ou a “mimese compulsiva dos consumidores”. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ADORNO, Theodor e HORKHEIMER Max. Indústria cultural. In: Dialética do Esclarecimento. Tradução, Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. ________________. Indústria cultural e Sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2009. BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época da sua reprodutibilidade técnica. In: Magia e técnica. Arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. * Mauro Ferreira de Souza é Bacharel em Teologia e Filosofia com Especialização e Mestrado nestas áreas e História. Todos pelas Universidades Mackenzie e Metodista http://lattes.cnpq.br/6652104071439857

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